Você se lembra de Sassá Mutema, O Salvador da Pátria? Era o personagem da novela da Rede Glóbulo de Televisão de 1989, a história de um simplório camponês vivido brilhantemente por Lima Duarte, que, por conta de alguns desdobramentos na história, acaba sendo eleito prefeito da cidade. Dessa só vai lembrar quem tem mais de 40 primaveras.
Na época até houve alguma polêmica, pois a novela saiu no início de 1989, quando começou a campanha presidencial que foi a primeira com eleições diretas depois dos governos militares, os candidatos eram Collor e Lula, e a comparação do personagem com Lula foi inevitável. A direção da emissora garantiu que era só coincidência, mas por fim tiveram que alterar o roteiro para não parecer campanha para o Lula.
Ficção e polêmicas à parte, a novela foi realmente muito boa, uma das mais marcantes da Rede Glóbulo. Ela trouxe à tona um fenômeno muito real do nosso país, que, apesar de ser de mais de 30 anos atrás, ainda é muito atual. Qualquer um que se destaque na defesa do povo acaba sendo idolatrado e alçado à posição de presidenciável. Já tivemos alguns exemplos disso, e nem todos acabaram bem, o Collor foi o primeiro neste período da nossa história.
Veja agora o exemplo do Bolsonaro. Foi deputado federal por 28 anos, e não conseguia emplacar suas pautas, os colegas deputados não davam bola pra ele e era até desconhecido do grande público. Até surgir a internet e ele começar a divulgar suas reivindicações nas redes sociais, daí caiu nas graças do povo, pois defende tudo aquilo que o povo defende e deseja ver acontecendo (daí faz sentido não conseguir aprovar seus projetos na Câmara), ganhou as eleições e está aí como nosso Presidente. E que me desculpem os opositores, mas até agora está fazendo um ótimo trabalho, apesar de estar sob implacável fogo inimigo desde o dia 1, só não vê quem faz questão de não ver. Torço para que consiga realmente mudar os rumos do nosso país.
E nesse meio tempo, como sabemos, tá rolando aquela CPI no Senado, onde fazem de tudo pra derrubar o cara da cadeira, só porque ele não deixa mais ninguém roubar. E na semana passada, cometeram o erro de convocar o véio da Havan, Luciano Hang, que foi depor nesta última quarta-feira. Como é claro que o Mr. Hang não tinha nada a ver com esta CPI, não cometeu crime algum, e é uma pessoa muito determinada, não à toa construiu um império sozinho, um legítimo "self-made man", ele desmontou todas as mentiras que jogaram contra ele e ainda desmoralizou os mal-intencionados e asquerosos inquisidores algumas vezes.
Saiu de lá como herói nacional, lavou a alma de todo brasileiro que não suporta mais ver aquele circo odioso. Quem ainda não o conhecia, conheceu então. Principalmente pelo marcante figurino verde e amarelo, muito pouco comum e que ele faz questão de usar nos eventos públicos.
E o que vemos já no dia seguinte? Isso:
Esta é uma enquete online que está rolando na internet (
https://www.eleicoesaovivo.com.br/novaenquete?l=brasil), a cada 20 dias é zerado o número e começa novamente, então está sempre atualizada, é muito dinâmica. E esta aí é a foto de ontem, 30 de setembro, dia seguinte ao depoimento de Luciano Hang. O povo o identificou como um defensor de seus direitos, e não deu outra, já é catapultado como possível candidato.
Pois é exatamente a isso que eu me refiro. Este efeito relâmpago de alguém que desponta no meio da multidão como um herói que pode salvar a nossa pátria.
É bem verdade que precisamos que ela seja salva, e, talvez, já estejamos no caminho certo para sair do lodaçal histórico que um sistema totalmente corrupto nos enfiou, embora esta guerra seja muito feroz e impossível de prever como vai terminar.
É muito difícil determinar neste processo o que é causa e o que é efeito. A corrupção é um efeito do baixo nível moral do nosso povo? Ou nosso povo vive na ignorância por ter sido enganado e propositadamente não devidamente educado pelos nossos governantes desde sempre? Afinal, um povo ignorante é facilmente manipulado.
O fato é que o nosso universo político carece de pessoas de bem, de caráter, bem intencionadas e que trabalhem pelo progresso do país. Não fosse assim, não estaríamos como estamos. Dá a impressão de que todos que se jogam na carreira política pensam apenas em enriquecer rápido. Será só impressão?
As exceções que existem são daqueles políticos que tentam mudar as coisas, mas não conseguem, pois a correnteza é toda contra, então os tímidos progressos são escassos, senão raros.
Seja como for, se tivéssemos como maioria na vida pública pessoas boas, de caráter, certamente não estaríamos sempre à espera de um Sassá Mutema ou de um Luciano Hang (a quem admiro e que tenho certeza de que é uma pessoa muito boa e muito bem intencionada, mas que não tem a manha do jogo político, seria vítima fácil do moedor de carne do sistema), e conseguiríamos evoluir como país, tendo debates progressistas, sobre temas importantes, enquanto o que vemos, década após década, é apenas um saco de gatos onde todos tentam derrubar todos o tempo todo. É uma coisa tão burra que não percebem que se o país melhorar, vai melhorar para todos, inclusive para eles. Mas, mentes pequenas não conseguem pensar grande.
Líderes inspiram as pessoas e servem de exemplo, principalmente para os jovens, que se espelham neles em seu desenvolvimento. A falta de líderes contribui para a escassa safra de pessoas de bem na vida política do país.
Enquanto o mundo evolui, o Brasil patina vergonhosamente através das décadas e espera seu salvador aparecer. Mas não nos deixemos enganar, tem muita gente boa no país, é só olhar em volta, não só as personalidades públicas (não me refiro aos políticos, mas pessoas conhecidas de todos os setores) como em nosso próprio meio pessoal. Eu mesmo conheço muitas pessoas de bem.
A questão é conseguir que estas pessoas de bem enfim sejam a maioria da classe política, só então a coisa vai mudar e poderemos escolher nossos líderes por suas carreiras e biografias, e estaremos escolhendo entre propostas e projetos para o país, e não por ficha limpa na polícia. Aliás, ainda não chegamos a este ponto, pois ficha suja tem bastante por aí, principalmente lá no topo. Pra ver o quanto falta ainda para arrumarmos a casa.
Chegaremos lá um dia, tenho certeza.
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