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Tem
um grupo muito engraçado no Face chamado “Os russos precisam ser estudados”,
onde são postados vídeos dos mais bizarros de coisas que só acontecem na
Rússia. E de fato tem muitas bizarrices nestes vídeos, talvez eles precisem
mesmo ser estudados.
Mas, brincadeiras à parte, o fato é que este é um povo que merece toda consideração e respeito. Consideração pelo poder que eles detêm e respeito pelo que são e pela sua história, mas também no sentido de que precisam ser respeitados por seu poderio militar e capacidade de dominação.
Vamos traçar um rápido perfil do que é a Rússia para quem ainda não tem a noção exata: é um país com 1700 anos de história, atravessou um grande período imperial e feudal, assim como aconteceu no restante da Europa após a queda do Império Romano. Sob o jugo de imperadores duros e cruéis, os czares (o equivalente russo a césares), entre os quais figurou Ivan, o Terrível, seu povo sofreu muito por muitos séculos, até formar as bases da grande nação que é hoje. Sofreu com incursões invasoras por parte dos Mongóis, as quais sempre conseguiu resistir, e passou por diversos conflitos internos. O frio intenso também sempre foi um inimigo permanente, não à toa é bastante famoso o “frio siberiano”.
É o maior país do mundo em território, com a parte ocidental Europeia na costa do Atlântico Norte e a parte oriental na Ásia, na costa do Oceano Pacífico. Faz fronteira com uma enormidade de países, que incluem China, Coréia do Norte, Estados Unidos pelo Estreito de Bering, no Alaska, Japão com fronteiras marítimas, países da Ásia Central e do Leste Europeu, além de uma imensa costa oceânica ao norte no Ártico. E, claro, também com vários países da Europa nas fronteiras ocidentais. Se você olhar o globo terrestre pelo ponto de vista do Polo Norte, vai ver claramente a grande extensão de seu território, cobrindo quase que todo um lado do hemisfério norte.
Após o período imperial e depois de ter sido o terceiro maior império territorial do mundo, no princípio do século 20 se tornou o primeiro país socialista do mundo, criando na prática o Estado Comunista, quando então anexou diversos outros países periféricos na formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS. Como não poderia ser diferente, era muito poderosa e foi decisiva sua participação na Segunda Guerra Mundial para derrotar os nazistas de Hitler, embora os filmes de Hollywood raramente mostrem esta façanha.
Bom, além de ter criado este monstro (o comunismo) que se espalhou pelo mundo, submeteu novamente seu povo a um extenso sofrimento durante toda a duração do regime, que se estendeu até 1991, quando a União Soviética foi extinta, dando lugar à Federação Russa e abrindo o regime político com a Perestroika de Mikhail Gorbachev.
E como se sabe, a Rússia também foi protagonista na Guerra Fria, antagonizando os Estados Unidos com seu poderio nuclear, período que durou desde o pós-guerra até a extinção da URSS. Praticamente todos os filmes de espionagem eram ambientados neste período, pois foi quando ambos os lados lutavam desesperadamente para tentar descobrir os planos e as intenções do inimigo. Foi uma época muito tensa para o mundo todo, com a União Soviética ocupando um espaço muito amplo no cenário internacional.
Não se pode deixar de fora também as conquistas científicas dos russos. É bom lembrar que eles foram os primeiros a conquistar o espaço, e são criadores de muitos desenvolvimentos tecnológicos.
Esta é, portanto, uma rápida e curta pincelada pela história deste grandioso país chamado Rússia. Sua história é tão rica e extensa e sua importância cultural é tão grande que seriam necessárias páginas e mais páginas (depois de muita pesquisa) somente para trazer um mínimo a mais de informações, mas como este não é o objetivo aqui, vamos ficar por enquanto com esta versão simplista dos fatos, que trago apenas para demonstrar a têmpera em que foi forjado este povo lutador e resiliente.
E chegamos assim no foco desta conversa, que é a Rússia de hoje, uma vez que já foi devidamente apresentada.
Eu fui de certa forma uma testemunha da transformação da Rússia antiga para a moderna Rússia atual. Ao longo de minha carreira no comércio exterior, tive a oportunidade de visitar Moscou em duas ocasiões, a primeira em 2004 e a última no ano passado, em 2020, poucos dias antes de estourar a pandemia da Covid-19. Em ambas as ocasiões foi no meio do inverno, e o frio é de congelar até pensamento.
E, com isso, posso afirmar categoricamente que o país que eu vi em 2004 tem muito pouco a ver com o que vi desta última vez. Na primeira, faziam pouco mais de 10 anos desde a abertura do mercado para as privatizações e a liberalização comercial da novíssima República, e os russos ainda estavam tentando aprender como se comportar neste mundo novo. Foram séculos de repressão para então se tornar um país relativamente livre, e tinham muito o que aprender.
O que vi foi um país ainda estagnado, as estruturas ainda do tempo soviético, tudo muito antigo e decadente. Os carros eram na maioria os Ladas, entre outros mas não muitos Volvos e outras marcas que eu não conhecia, mas longe de ser um cenário de país desenvolvido nas ruas. Até o aeroporto da cidade, o Sheremetievo, era pequeno e antiquado. Era proibido portar dólares ou qualquer outra moeda que não fosse o rublo russo. Os próprios recepcionistas do hotel foram bastante enfáticos ao passar esta informação.
O transporte público era difícil, tinha o metrô, naturalmente, mas que não arrisquei a entrar sozinho, sem entender uma só palavra do que dizia nas placas, e os táxis eram também uma dificuldade, pois praticamente ninguém falava inglês, tampouco os motoristas.
O que se podia notar da abertura econômica e um pouco de progresso social era a já existência de algumas lojas modernas e shopping centers. Inclusive bem na frente da Praça Vermelha tem um shopping subterrâneo, com uns 4 andares enterrados no chão, com escadas rolantes e tudo o mais. Uma obra impressionante, posso dizer, e que não impactou na paisagem que é o cartão postal de Moscou e da própria Rússia – a Praça Vermelha e a fortaleza do Kremlin ao lado.
Nessa mesma época a Europa já era moderníssima e super desenvolvida. Enfim, é a Europa, não tem muito o que dizer, dispensa apresentações.
Quando retornei à cidade, em 2020, de fato encontrei um cenário completamente diferente. Tirando a neve, que parecia ser a mesma caindo constantemente. Nesta ocasião Moscou já havia se transformado em uma cidade desenvolvida, em pé de igualdade com qualquer cidade grande da Europa. Não se podia apontar diferenças em termos de desenvolvimento e grandeza, era realmente como estar em qualquer outro lugar da Europa.
Cidade grande e desenvolvida, plena em serviços públicos de qualidade, nas ruas o retrato da nova Rússia com a exuberância dos carrões desfilando, mesmo os táxis e Ubers são sedans médios como o Kia Cadenza, por exemplo, que é muito comum por lá, inclusive.
Estruturas imensas com lojas de departamentos, áreas de lazer e grandes centros de convenções e feiras, prédios modernos por toda a cidade e um centro financeiro, o distrito chamado Moscou City, com inúmeros arranha-céus espelhados com o toque único da arquitetura local, proporcionando uma paisagem digna de uma grande e moderníssima cidade.
Os moderníssimos e arrojados arranha-céus de Moscow City.
Verdadeiramente impressionante. Em questão de 15 anos o país deu um salto de desenvolvimento, demonstrando uma desenvoltura econômica dinâmica e vibrante. Seus cidadãos vivem muito bem, com padrão de vida europeu, sendo que ainda conserva um pouco da estrutura socialista nos serviços públicos, que funcionam. O sistema de saúde é público e gratuito, e, até onde pude constatar, funciona muito bem.
Então esta é a Rússia hoje. E esta é a Rússia de Putin. E Putin tem planos para a Rússia.
O presidente russo, que se conserva no poder há 22 anos, desde que foi primeiro-ministro em 99, tem a cara do orgulho russo, tem o respeito de seu povo, e aparentemente tem a intenção de levar a Rússia cada vez mais longe.
Está militarmente avançada, na vanguarda em algumas novas armas que foram desenvolvidas nos últimos anos, que incluem robôs autômatos para combate. Se fosse um filme, estes robôs seriam humanoides indestrutíveis cheios de armas embutidas e olhos de LED vermelhos, mas, aqui na vida real, são de fato outros tipos de robôs, como tanques, por exemplo, mas que já são enviados autonomamente para frentes de combate. São vários os desenvolvimentos de armas super modernas que já existem na Rússia, que já incluem também canhões de laser poderosíssimos. E sabe-se lá o que mais.
Um
dos robôs de combate russos.
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