11 novembro, 2021

novembro 11, 2021
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Esta é ou não é uma boa pergunta?

Passa o tempo, passam os anos e as décadas, e o Brasil continua o que sempre foi, um país atrasado em seu desenvolvimento, enquanto muitos países pelo mundo avançam tecnologicamente e economicamente.

Quando eu era novo ainda, e comecei a estudar história na escola, eu tive uma certa dificuldade em entender como os Estados Unidos era um país tão grandioso e desenvolvido e o Brasil tão atrasado, sendo que ambos têm praticamente a mesma idade desde o descobrimento. Confesso que levei muito tempo para conseguir assimilar isso.

Na minha cabeça, eu imaginava que à medida que o tempo passava, um país iria se desenvolvendo e crescendo, e que um dia o Brasil seria como os Estados Unidos. Pobre rapaz, tão ingênuo...

E o que dizer então da Austrália, que só foi colonizada em 1788 e com o objetivo de abrigar detentos da Inglaterra? Hoje figura entre os países mais avançados, e não levou nem 200 anos para chegar lá. Ou então a China, que nos anos 80 tinha um PIB 20% inferior ao brasileiro, e hoje é uma das grandes potências mundiais, com PIB dez vezes maior que o nosso?

Desde que eu era um menino, já se passaram mais de 40 anos, e o Brasil não evoluiu como eu imaginava que iria. Não somos um grande país avançado e nem sequer estamos no caminho para isso, muito pelo contrário, somos um país ainda engendrado em seus problemas políticos e econômicos, sem conseguir sequer uma união, um entendimento geral entre todos, que pudesse resultar em avanços nas estruturas administrativas para enfim botar esse trem nos trilhos rumo ao desenvolvimento.

E onde estaria a raiz dessa confusão toda em que vivemos? Seria a herança portuguesa, como defendem alguns, que nos legou uma cultura de exploração ao invés de uma ideia de fundar uma grande nação?

Se formos perguntar para cada um dos brasileiros, garanto que cada um terá sua opinião formada sobre isso e terá a solução para os problemas, e com isso encontraríamos muitas e muitas soluções diferentes, segundo cada um. Mas quem estaria certo?

Bom, eu também tenho a minha opinião, e acho sinceramente que talvez a maioria das pessoas só enxergue a superfície, enquanto que as causas estão mais ao fundo. Como dizia o grande filósofo Raul: Tem gente que passa a vida inteira / Travando inútil luta com os galhos / Sem saber que é lá no tronco / Que tá o coringa do baralho. É, eu acho que é por aí mesmo.

De nada adianta defender este ou aquele partido, este ou aquele político, ser de direita, de esquerda, de centro ou oblíquo, ou defender a volta de um governo militar, ou dizer que a culpa é do Congresso ou do STF. Não, nada disso vai levar a uma solução para o Brasil, pois tudo isso é apenas a superfície e é mais do mesmo, apenas perpetua o caos em que vivemos.

Também já ouvi gente dizendo que somente a nossa completa extinção salvaria o Brasil... hehe. Bom, meio radical, mas que acabaria com todos os problemas, isso é certo.

Se pararmos pra pensar, e usando o momento atual como exemplo, o cara que é de direita e defende o Bolsonaro, está no fundo desejando o melhor para o país, pois é no que ele acredita. E o cara que é de esquerda e defende o Lula, também está desejando o melhor para país, segundo suas crenças, pois acredita que este seria o melhor caminho, com a devida ressalva de que em qualquer lado sempre tem aqueles que visam algum benefício pessoal e não o bem geral da nação. Mas, de forma geral, é isso.

Então, qual deles está certo? Bom, na minha opinião, nenhum dos dois.

A raiz do problema, o coringa que está lá no tronco, reside em nossa mentalidade (aí entraria a questão da extinção.... mas vamos deixar essa ideia de lado, né?). Isso mesmo, a maneira como pensamos as coisas, a maneira como fomos ensinados a ser nos leva a esta situação patética em que vivemos. A origem dessa mentalidade deve estar sim, lá no passado, na forma como o país começou a se formar, mas isso seria assunto para um historiador, e não para um leigo como eu.

Somente uma mudança profunda de mentalidade dos brasileiros como um povo é que vai trazer a pacificação e o progresso para nossas terras. Esta mentalidade do cada um por si, o fato de acharmos perfeitamente normal e aceitável situações que não são corretas, isso está no DNA do brasileiro, está nas práticas diárias. Infelizmente, esta é a realidade. Cada um de nós, se pudermos tirar alguma vantagem em alguma coisa, em detrimento do coletivo, aceitamos como uma coisa normal.

Toda a nossa sociedade é moldada sob essa mentalidade. Empresários que tentam se beneficiar por práticas não tão moralmente corretas; funcionários que se puderem passam a perna no patrão; em todos os cantos podemos ver diariamente exemplos de práticas desonestas como um padrão de comportamento, mesmo que camuflado. Estou errado?

Em um exemplo prático: o cara está desempregado e recebendo o seguro desemprego, mas quando consegue um emprego entra em acordo com o patrão para ser registrado só depois do seguro, para continuar recebendo o seguro. É patrão e empregado passando a perna no governo, ou melhor colocado, no dinheiro de todos nós. Ou então, aqueles aparelhos que são vendidos nas lojas e que sintonizam todos os canais de TV – que são pagos por assinatura mensal, e não gratuitos. É a pirataria institucionalizada. E está tudo bem, é normal.

E não estou aqui me referindo aos bandidos, a golpistas que vivem de enganar e roubar. Não, estou falando das pessoas de bem, de todos nós, o povo brasileiro.

Aí você pega esta mesma sociedade e veja como será sua classe política. Nada mais é do que o espelho dela mesma, e então vemos a corrupção impregnada em todos os níveis da administração pública. E como isso vem desde os primeiros tempos da fundação do Brasil, o país foi construído sobre estruturas que seguem esta mentalidade, fazendo com que coisas erradas sejam vistas e aceitas como normais. E não deveriam ser, mesmo as menores delas.

Não estou afirmando também, pois seria ingenuidade, que todo alemão, todo suíço ou todo japonês seja honesto. Claro que não, em todo lugar há pessoas boas e há as maçãs podres, mesmo nos países mais avançados, caso contrário não precisariam de polícia nem de juízes. A questão reside em como a sociedade (ou poder-se-ia dizer a maioria do povo) vê e trata estes comportamentos.

Por isso, na minha opinião, não adianta mudar o governo ou aprovar determinadas reformas. O Brasil é um grande saco de gatos, todos brigando e se arranhando, e não importa quem está no comando, apesar de que, é lógico, se tivermos gente honesta no governo e no parlamento sempre avançaremos um pouco, embora não naquilo que é fundamental.

Basta ver que, no cenário internacional, o Brasil, apesar de ser uma das maiores economias do mundo, não é um player sentado na mesa com os demais. E poderia ser, temos tudo para ser, nosso país é riquíssimo. No cenário mundial estão sempre a China, a Rússia, a Índia entre os influenciadores e tomadores de decisões, mas o Brasil, que é um dos BRICs, não. Você não vai encontrar, nos grandes veículos internacionais, notícias sobre posições que o Brasil adotou ou deixou de adotar ou o que acontece ou deixa de acontecer aqui. Mas sobre os outros três, sim, constantemente.

Notícias do Brasil, nas mídias internacionais, normalmente são notas sobre alguma tragédia ocorrida, ou escândalos de corrupção, ou como agora, com a crise da Covid e o novo cenário midiático que está se criando, com claras posições de esquerda, os bombardeios sobre o governo de Bolsonaro, como aconteceu com o Trump. Mas nunca se vê algo como “Brasil anuncia novo plano para isso ou para aquilo”. Ou seja, não temos peso algum na política internacional. Como diz a frase atribuída ao ex-presidente francês Charles De Gaulle: “o Brasil não é um país sério”. Ele estava errado?

Então, para concluir, na minha opinião o problema do Brasil é moral. Enquanto não tivermos uma guinada moral na nossa mentalidade, podem passar outros 500 anos que continuaremos atrasados. O certo é certo e o errado é errado, e isso não pode ser relativizado se quisermos ver o país progredir. Enquanto a grande maioria do povo brasileiro não pensar dessa forma, não vai ter jeito, e no cerne disso tudo está a educação.

Deixo aqui, naturalmente, um “Bravo!” aos íntegros deste país, que existem e são muitos, embora ainda minoria. Pessoas que sabem o que é o certo e o que é o errado e tem uma conduta correta. E aos olhos dos demais, estes são vistos como trouxas. Este é o nosso problema.

Dick Vigarista, o personagem de Hanna-Barbera que sempre se dava mal tentando trapacear para vencer as corridas no desenho animado Corrida Maluca.

2 comments:

  1. Isso aqui não é e nunca foi um país. Isso continua a ser uma colônia de commodities e agora colônia de banqueiros e corporações globalistas. Bobagem dizer que a culpa é do povo imoral. Imoralidade tem em toda parte desse mundo. Fomos feitos de granja e as raposas são as mesmas.

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    1. Concordo com vc, e isto está subentendido no texto, que diz que fomos ensinados a ser como somos. Fomos mantidos ignorantes para sermos dominados, mas a resultante deste processo é o baixo nível da educação e dos valores morais. Hoje, para reverter este processo, somente com educação verdadeira e verdadeiros valores morais impregnando as novas gerações, caso contrário, nunca avançaremos um metro em direção ao desenvolvimento. A mudança tem que vir de dentro, e não de fora. Sugiro a leitura da Parte 2 deste artigo, que complementa o texto.

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